De uma simples revista ao constrangimento terrível’
A polícia só revistou a metade masculina da escola. Ou seja, considerou os suspeitos por serem meninos. Em 200 meninos, portanto, a chance de flagrar um era de 0,5%. Como era metade do corpo de estudantes, a chance da Polícia Militar se reduzia para 0,25% – por 0,25%, o vexame da tomada da escola, do desprezo, por agentes da lei e do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Só não foi invasão policial, porque a direção da escola chamou. E chamou, porque já existe no Brasil a cultura de misturar educação com polícia, gerada pelo fato de a escola ter se tornado palco de agressões, de tráfico, de assassinatos e de portes de armas. Um esquecimento no Brasil do que é mais essencial: a educação.
Em uma novela policial inteligente, depois do clássico “Ninguém sai da sala”, o professor aproveitaria para dar uma aula sobre honestidade. Poderia pegar como gancho um episódio da política para falar sobre dinheiro na cueca.
Daria uma aula de cidadania para atenuar maus exemplos que vêm de cima e depois diria: “Vou dar uma chance a quem caiu na tentação. cada um de vocês vai entrar na salinha ao lado, que está vazia. Lá existe um vaso onde a mão não consegue entrar na boca do vaso. É o lugar para se desfazer do malfeito. Se não aparecer, cada um vai encenar, aqui na frente, numa aula de expressão corporal a peça: ‘Aqui eu não escondi nada’”.
Chamar a polícia errada era caso de investigação da Polícia Civil, e não de PM, acabou gerando o vexame. E não descobriram os R$ 900.
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