quinta-feira, 31 de março de 2011

Bolsonaro: CALA BOCA


Esse vídeo de 2008, mostra o valente deputado Bolsonaro ameaçando dar um tapa na então deputada Maria do Rosário, hoje Ministra-chefe da Secretaria dos Direitos Humanos, a quem chama de “vagabunda”.

O mesmo Bolsonaro que, em resposta à cantora Preta Gil durante o programa CQC, que perguntou ao deputado o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma mulher negra, respondeu: “Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu”.

A desculpa do deputado é de que entendeu errado a pergunta e achou que a artista se referia a uma relação homossexual.

Esse cara tem de ser punido. Não é possível que coisas como essa possam continuar acontecendo em nosso país. Vamos cobrar os deputados e exigir transparência no processo, mandem mail para cdh@camara.gov.br.


Carta publicada no site Conversa Afiada publica

Sr. Bolsonaro,
Venho atraves deste e-mail exercer o meu Direito de Resposta relativo as suas afirmações no programa CQC.

Sou cotista de medicina com muito orgulho, graças ao presidente Lula.

Caso o senhor tenha o infortunio de sofrer um acidente algum dia e cair nas minhas mãos em um pronto socorro, terei o maior prazer em atendê-lo, pois só vendo o senhor viver é que terei a certeza de que continuará sofrendo ao ver a diversidade de raças e a prosperidade do povo mestiço brasileiro.

Vai um presente para o senhor. Imprima, coloque numa moldura e se delicie olhando para os seus herois, por que os nossos… os nossos são outros e o senhor sabe muito bem quem são.


Maiara Silva

terça-feira, 22 de março de 2011

O que será da segurança pública paulista?

A conturbada situação da segurança paulista ganha contornos de tragicomédia. São traições, espionagem, corporativismo, desmandos e muito desencontro, contrapondo-se a uma complexa rede de interesses. Se fosse apenas isso não seria nenhuma novidade. Porém, o agravante é que essa tragicomédia se passa num estado onde o legislativo está nas mão do governo e ninguém investiga nada. Só nos últimos dias falamos em venda de dados sigilosos, compra terreno milionário e helicóptero por funcionários do DETRAN e do DENARC, corrupção, formação de quadrilha e abuso de autoridade na Corregedoria.

Talvez seja esse o momento de mudarmos esse panorama e termos uma polícia honesta e eficiente, com melhores e bem remunerados profissionais. Seria bom que os policias deixassem de lado o corporativismo e cumprissem o seu papel, uma vez que nosso legislativo é apenas figurativo. É preciso cumprir a lei, investigar essas denúncias e punir os culpados sejam eles quem forem, para o bem de nossos filhos.


O secretário sem segurança

Até onde vai a crise que expõe duas facções do governo Alckmin?

O roteiro é de filme B. Um homem da confiança do governo vende dados sigilosos sobre a segurança pública a empresas do próprio governo, que anuncia dados parciais otimistas da redução da violência. O servidor é afastado, mas as informações vendidas continuam restritas aos compradores, “para não alarmar a população”. O chefe da polícia, anunciado como um caçador de corruptos, é espionado, acusado de revelar o caso a um jornalista. Os espiões são autoridades filmadas em ação e o chefe alvo da arapongagem faz uma devassa na corporação. Nas bases, policiais civis e militares se dizem insatisfeitos e os delegados ameaçam entrar em greve. Qual é o pano de fundo da trama produzida nas últimas semanas na Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, que consome 11,9 bilhões de reais por ano para proteger os 42 milhões de paulistas?

A guerra se dá entre dois grupos, como em outubro de 2008, quando as polícias Militar e Civil entraram em confronto aberto nas ruas da capital. Desta vez, acontece no interior dos altos gabinetes. De um lado estaria o atual mandatário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, policial militar por 15 anos, secretário herdado por Geraldo Alckmin da administração José Serra e com tênues ligações com o PSDB. De outro, a turma do ex-titular da Segurança, atualmente no comando da Secretaria de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, da confiança de Alckmin, mais afeito à Polícia Civil e ao partido.

Era de se imaginar que Saulo de Castro levaria vantagem. Não é o caso. Ele acumula derrotas. Primeiro, o afastamento de Kahn, seu aliado. Agora, a demissão de Marco Antonio Desgualdo, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), cargo que ocupava por indicação do atual secretário de Transportes. Desgualdo, em parceria com o ex-delegado Paulo Sérgio Oppido Fleury, filho do temido Sérgio Paranhos Fleury, o torturador da ditadura, e mais três colegas, seria o responsável pelo vazamento das imagens das câmeras de segurança do Shopping Higienópolis que mostram o encontro entre Ferreira Pinto e o jornalista Mário César Carvalho, da Folha de S.Paulo. Dias depois, Carvalho assinaria a reportagem sobre os negócios de Kahn.

Não bastasse, denúncias da existência de uma máfia no Departamento de Trânsito provocarão uma mudança radical no órgão. Ele passará a ser subordinado à Secretaria de Gestão. Os cargos de delegados de trânsito serão extintos e os 859 policiais a serviço do Detran irão para delegacias comuns. O governo estadual promete punir e eliminar as ilegalidades.

Espanta, como sempre, a falta de reação a tantos escândalos. A oposição na Assembleia Legislativa acaba, como de costume, esmagada pela maioria governista. O Ministério Público continua em silêncio. Em consequência, Kahn, o vendedor de informações públicas, permanece sem ser ouvido. Quando denunciado, o ex-servidor declarou que havia montado a empresa por recomendação do então secretário de Segurança Saulo de Castro. “O caso é muito grave. Convocar o Khan seria o mínimo, e nós tentamos, mas acham que macularia a imagem do governo. Infelizmente, em São Paulo, o Legislativo é proibido de fiscalizar. Assim, a publicidade do caso se dá apenas em torno da espionagem entre esses grupos, o que mascara a situação. O caso em si perdeu força”, analisa o deputado estadual Major Olímpio (PDT), ex-policial militar.

Olímpio foi o autor de um pedido frustrado de uma CPI da Segurança Pública em 2007, logo após os ataques de facções criminosas em São Paulo. À época, como hoje, a oposição era minoria na Assembleia, mas, por conta do apelo popular, conseguiu reunir 38 assinaturas, seis a mais do que o necessário. Em vão. “Na última hora, sob forte pressão do governo, sete deputados retiraram suas assinaturas. Alguns me disseram chorando: ‘Estou com vergonha de olhar para você, mas não posso’”.

O deputado possui informações sobre o pano de fundo da crise da segurança pública e expõe situações que não aconteceriam hoje se investigadas a tempo. “Não vejo como briga de grupos. Vejo, de um lado, um grande marketing policial em São Paulo e, de outro, fatos realmente assustadores, como a venda de dados sigilosos, estatísticas fantásticas, subnotificação da violência, plantões fechados, corrupção, tortura, um enorme déficit de policiais muito mal remunerados e insatisfeitos, cortes orçamentários no setor. E nada é investigado.”

Estudioso das estatísticas e baseado em informações de funcionários, o parlamentar aponta: a redução da violência no estado não é sentida nas ruas e parte dela se justifica pelas subnotificações. “Até a redução de homicídios propagandeada pelo governo (10,4 assassinatos por 100 mil, menor índice do País) é uma tendência nacional e não poderia ser diferente no estado que detém o maior PIB. Há subnotificações de quatro para cada roubo ou furto, porque a população só registra os casos quando precisa do Boletim de Ocorrência. E hoje muitos plantões da periferia ficam fechados.”

Um dos dados mais graves apontados pelo deputado é que, durante 22 meses de governo, Serra cancelou concursos públicos para policiais e cortou verbas da segurança, o que ampliou o déficit de policiais civis e militares e aumentou os descontentamentos. “O Alckmin herdou um buraco negro nas duas polícias. Não se acham policiais no mercado e a formação de novos leva um ano e meio, do edital à farda.” De acordo com Olímpio, há um déficit de 6 mil PMs e 4 mil civis. Para compensar a falta na PM, afirma, o governo instituiu os “bicos oficiais”. Na Civil, os delegados acumulam funções em várias cidades e ameaçam entrar em greve. Na PM, não há ameaça de greve, considerada motim na corporação, mas a insatisfação é crescente. A Secretaria da Segurança Pública alega que gasta 10 bilhões de reais de seu orçamento com a folha e nega a existência de deficiências no setor.

A presidente da Associação dos Delegados de Polícia no Estado de São Paulo (Adpesp), Marilda Pinheiro, anuncia que a categoria decidiu entrar em greve no início de abril e adianta que o clima é muito tenso entre os delegados. Outras entidades ameaçam acompanhar a paralisação. Segundo ela, embora as reivindicações sejam salariais, a situação chegou “ao limite” quando foi anunciado que 900 dos 3,2 mil delegados estão sob investigação. “Não nos interessa a briga política que pode haver entre eles. Agora estão fazendo uma caça às bruxas, como se todos os delegados fossem corruptos. Estão jogando nossos nomes na lama”, afirma, antes de concluir: “O que acontece na verdade é que estamos prestando péssimos serviços à população: faltam delegados, investigadores, escrivães, não temos tecnologia suficiente, as delegacias caem aos pedaços e acumulamos plantões”.

Torce-se para que a greve tenha mesmo o objetivo de expor os problemas estruturais e não apenas servir de base para uma reação corporativista. Manter o controle e a vigilância sobre a atividade policial – e, portanto, investigá-la quando necessário – é dever do Estado.

domingo, 20 de março de 2011

Brasil está pronto para 'contribuir' no Conselho de Segurança, diz Dilma

Governo brasileiro quer ampliação dos membros permanentes.
Veja a íntegra do discurso da presidente Dilma Rousseff.

Do G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábdo (19), em discurso que antecedeu o almoço com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que o Brasil está pronto para contribuir com o Conselho de Segurança das Nações Unidas. O governo brasileiro defende a ampliação do número de membros permanentes no Conselho de Segurança.

"O mundo de hoje não é o mesmo de 60 anos atrás. Também aqui, o Brasil tem consciência das suas responsabilidades e, por isso, estamos prontos a dar a nossa contribuição para a paz e a segurança internacionais num Conselho de Segurança das Nações Unidas ampliado, mais equitativo e mais democrático".

Veja a íntegra do discurso abaixo
Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante almoço oferecido ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
Palácio Itamaraty, 19 de março de 2011

Em nome do povo brasileiro, eu quero reiterar as boas-vindas ao presidente Barack Obama.
Esta visita é uma grande oportunidade para inaugurarmos mais um capítulo de nossa parceria, adequando-a às realidades e aos desafios do século XXI. É motivo de grande honra para mim que esse encontro ocorra nos primeiros meses do meu governo e, mais ainda, no contexto da primeira viagem oficial do presidente Obama à América do Sul. A presença, entre nós, de Michelle Obama, Malia e Sasha e de importante comitiva com autoridades do primeiro escalão, políticos e empresários, reforça o espírito de amizade com que nos reunimos.

Como disse pela manhã, é fato a ser celebrado que a primeira mulher Presidenta do Brasil receba hoje o primeiro Presidente afro-descendente dos Estados Unidos. Isso ganha ainda maior significado quando lembramos que os Estados Unidos e o Brasil são os dois países com a maior população negra fora da África. Nossos países possuem inúmeros traços comuns. Aprofundar as afinidades entre nossos povos, torna os laços de amizade que nos unem mais significativos e duradouros do que uma relação baseada apenas em pactos formais entre governos.

Somos democracias multiétnicas. Temos uma história de luta pela afirmação das minorias, pelo respeito à diversidade e contra a discriminação e a intolerância. Valorizamos a liberdade, a igualdade e a independência entre povos e nações. Prezamos nossas respectivas soberanias.
Hoje, adotamos um comunicado conjunto e uma série de acordos que atestam a densidade das relações entre nossos países. Estabelecemos novos objetivos não só na agenda bilateral, mas também regional e global, com base nos quais queremos construir um ordenamento de paz e de cooperação.

Os Estados Unidos e o Brasil perseguem, juntos, a conclusão bem-sucedida da Rodada de Doha da OMC, com regras de comércio mais transparentes e mais justas. No comércio bilateral, estou certa de que é de mútuo interesse promover a geração de fluxos mais equilibrados, tanto em termos quantitativos como qualitativos. A capacidade e o dinamismo do setor privado dos nossos países é fundamental para atingirmos esse objetivo. Por isso nós cumprimentamos o Fórum dos Dirigentes Empresariais dos dois países.

Presidente Obama,
Como eu já disse hoje pela manhã, o Brasil atual vive realidade econômica sólida e pujante. Orgulha-nos salientar que o progresso alcançado nos últimos anos tenha beneficiado, sobretudo, os mais pobres. Desde 2002, milhões de cidadãos passaram a integrar as faixas de renda média e alta da sociedade brasileira. Esse é um feito histórico de inclusão social. Eu estou comprometida a continuar nessa direção, dando sequência ao governo do ex-presidente Lula, buscando também a erradicação da pobreza extrema no Brasil.

Nosso desenvolvimento também tem sido realizado de forma sustentável, com respeito ao meio ambiente. Nós sabemos que a matriz brasileira uma matriz renovável, mas estamos, aqui, dispostos a fazer uma grande parceria na área de energia, tanto no que se refere à exploração do pré-sal quanto no que se refere à exploração de energias renováveis e limpas, que podem garantir, para toda a humanidade e para o Brasil e os Estados Unidos, um melhor desenvolvimento e de forma mais sustentada. Tenho certeza que conto com a parceria dos Estados Unidos nessa nobre empreitada.

O Brasil do século XXI continua engajado na promoção da harmonia em sua região. Temos orgulho, como eu já disse, de viver em paz, há mais de um século, com todos os nossos dez vizinhos. Estamos empenhados na consolidação de um entorno de paz, segurança, democracia, cooperação e desenvolvimento com justiça social.

Mas o nosso olhar vai mais além, presidente Obama.
Construímos parcerias na África e no Oriente Médio. Alimentamos a legítima esperança de contribuir, sem voluntarismo, na busca de soluções criativas para os grandes desafios contemporâneos, como a promoção de um acordo de paz entre israelenses e palestinos, povos amigos com os quais nos sentimos solidários.

Cooperamos com a Índia e a África do Sul, no Fórum Ibas. Dialogamos regularmente, ao lado de nossos vizinhos sul-americanos, com o mundo árabe, nas cúpulas da Aspa. Mantemos igualmente importante diálogo América do Sul-África, continente a que tanto devemos, no âmbito da cúpula ASA. Integramos, com as economias mais dinâmicas da atualidade, o grupo dos BRICs. Desenvolvemos uma parceria estratégica com a União Europeia. Queremos contribuir para uma “multipolaridade benigna”, fundada numa dinâmica de cooperação livre das assimetrias do passado, geradoras de crises e de instabilidades.

Caro presidente Obama,
O Brasil e os Estados Unidos compartilham convergências que podem se traduzir em sintonia de propósitos no presente e no futuro, se para isso dedicarmos o melhor de nossos esforços.
Os desafios do século XXI são muito complexos. O potencial desestabilizador de crises políticas a que temos assistido é imprevisível e também requer adequação dos mecanismos internacionais de governança política. O mundo de hoje não é o mesmo de 60 anos atrás. Também aqui, o Brasil tem consciência das suas responsabilidades e, por isso, estamos prontos a dar a nossa contribuição para a paz e a segurança internacionais num Conselho de Segurança das Nações Unidas ampliado, mais equitativo e mais democrático.

Presidente Obama,
O senhor pode ter certeza que eu espero que o senhor e a sua família levem de Brasília e do Rio de Janeiro as melhores recordações deste país amigo. Os Estados Unidos e o Brasil são duas nações grandes, com um futuro grande de amizade e cooperação à sua frente. Queremos construí-lo. Com esse espírito, proponho que ergamos um brinde ao senhor, ao sonho de Martin Luther King, o mesmo sonho de brasileiros e americanos. Sonho de liberdade. Sonho de esperança. E, presidente Obama, gostaria de acrescentar: sonho de harmonia e de paz entre todos. Um brinde ao senhor, a sua família e a sua delegação.

Segundo Obama a esperança venceu o medo

No principal discurso no Brasil, o presidente americano, Barack Obama, mesmo sem dizer o nome, cita Lula e diz que a esperança venceu o medo, slogan usado por Lula depois de eleito presidente. Fala da evolução econômica nos últimos anos e o novo posicionamento do pais no cenário econômico mundial. Reconhece a importância do Brasil e exalta a estratégia de Dilma dos porões da ditadura até a presidência. Veja a seguir a íntegra do discurso que direcionou os holofotes do mundo para o Brasil


Íntegra do discurso:

"Oi, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa!
Boa Tarde, todo o povo brasileiro.

Desde o momento em que chegamos, o povo desta nação tem graciosamente mostrado à minha família o calor e a generosidade do espírito brasileiro.

Obrigado! E um agradecimento especial por vocês estarem aqui mesmo tendo um jogo entre Vasco e Botafogo daqui a algumas horas. Eu sei que os brasileiros não desistem facilmente de seu futebol.

Uma das primeiras referências que eu tive do Brasil foi um filme que eu vi com a minha mãe quando eu era criança, um filme chamado "Orfeu Negro", rodado em favelas do Rio durante o Carnaval. Minha mãe amou esse filme, com suas canções e danças que tinham lindos morros verdes como fundo, ele estreou em forma de uma peça bem aqui, no Teatro Municipal.

Minha mãe já se foi agora, mas ela nunca iria imaginar que a primeira viagem do filho dela ao Brasil iria ser como presidente dos Estados Unidos. E eu nunca imaginei que esse país seria ainda mais deslumbrante do que naquele filme. Vocês são, como diz a canção de Jorge Ben Jor, 'Um país tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza'. Eu estou vendo essa beleza nas encostas, nas infinitas extensões de areia e oceano, e na vibrante diversidade de brasileiros que estão aqui hoje.


Jason Reed/Reuters
Barack Obama acena à plateia no Theatro Municipal do Rio antes de discuso a mais de 2.000 pessoas
Barack Obama acena à plateia no Theatro Municipal do Rio antes de discuso a mais de 2.000 pessoas

Nós temos cariocas e paulistas. Nós temos baianas e mineiros. Nós temos homens e mulheres de cidades do interior; e tantos jovens, que são o futuro dessa grande nação.

Ontem, eu encontrei com sua maravilhosa nova presidente, Dilma Rousseff, e conversei sobre como nós podemos estreitar a parceria entre nossos governos. Mas hoje, eu quero falar diretamente ao povo brasileiro sobre como nós podemos estreitar a amizade entre nossas nações. Eu vim para falar dos valores que nós compartilhamos, as esperanças que nós temos em comum, e as diferenças que nós podemos fazer juntos.

Nossas jornadas iniciaram de forma similar. Nossas terras são ricas por criação divina, lar de povos antigos e indígenas. Desde o além-mar, as Américas foram descobertas pelos homens que procuravam um Novo Mundo, e colonizadas por pioneiros que foram empurrados para o oeste, ao longo de vastas fronteiras. Nós nos tornamos colônias reivindicadas por coroas distantes, mas cedo declaramos nossa independência. Nós demos as boas-vindas às ondas de imigrantes em nossos países, e finalmente limpamos a mancha de escravidão de nossas terras.

Os Estados Unidos foram a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil, e a instalar uma representação diplomática nesse país. O primeiro chefe de Estado a visitar os Estados Unidos foi o líder do Brasil, Dom Pedro 2º. Na Segunda Guerra, nossos bravos homens e mulheres lutaram lado a lado pela liberdade.

Depois da Guerra, nossas nações também lutaram para alcançar plenamente a benção da liberdade. Nas ruas dos EUA, homens e mulheres marcharam e sangraram para que cada cidadão pudesse desfrutar da mesma liberdade e das mesmas oportunidades --não importando sua aparência ou origem. No Brasil, vocês lutaram por duas décadas contra ditadores pelo mesmo direito, de serem ouvidos --pelo direito de serem livres do medo e livres para querer. E ainda, durante anos, a democracia e o desenvolvimento só tomaram lugar lentamente, e milhões sofreram por isso.

Aqueles dias já passaram. O Brasil hoje é uma democracia que floresce --um lugar onde as pessoas são livres para dizer o que pensam e para escolher seus líderes; onde uma criança pobre de Pernambuco pode escalar do chão de uma siderúrgica para o cargo mais importante do Brasil.

Durante a última década, o progresso alcançado pelo povo brasileiro tem inspirado o mundo. Mais da metade dessa nação é hoje considerada classe média. Milhões vêm sendo retirados da pobreza. Pela primeira vez, a esperança está retornando a lugares onde o medo prevaleceu por muito tempo. Eu vi isso hoje, quando visitei a Cidade de Deus. Não são apenas os novos programas sociais e esforços da segurança pública que estão transformando as favelas; trata-se de uma mudança de atitude. Como disse um jovem morador, 'as pessoas não têm de olhar para as favelas com pena, mas como uma fonte de presidentes, advogados, doutores, artistas, [e] pessoas com soluções'.

A cada dia que passa, o Brasil é um país com mais soluções. Na comunidade global, vocês confiaram em outras nações para ajudar a combater a pobreza e as doenças, onde quer que elas existam.

Vocês desempenham um importante papel nas instituições globais que protegem nossa segurança comum e promovem nossa prosperidade comum. E vocês irão receber o mundo em seu litoral quando a Copa do Mundo e as Olimpíadas vierem para o Rio de Janeiro.

Você deve ter ouvido que esta cidade não era exatamente a minha primeira escolha para as Olimpíadas. Mas se os Jogos não pudessem ser realizados em minha cidade natal Chicago, não haveria lugar que gostaria de vê-lo do que aqui, na cidade do Rio de Janeiro. E pretendo voltar em 2016 para assistir.

Por muito tempo, o Brasil foi uma nação com muito potencial, mas prejudicada pela política, tanto interna quanto externa. Por muito tempo, vocês foram chamados de um país do futuro, e diziam para que esperassem por um dia melhor que estava sempre muito próximo. Meus amigos, esse dia finalmente chegou. E o Brasil não é mais o país do futuro. Para o povo brasileiro, o futuro chegou.

Nossos países nunca concordaram em todos os assuntos. E, como muitas nações, nós teremos divergências de opinião no futuro. Mas estou aqui para dizer a vocês que os americanos não apenas reconhecem o sucesso brasileiro -- nós torcemos por isso. Enquanto vocês enfrentam os muitos desafios que ainda têm pela frente em casa e fora dos seus domínios, permitam que os EUA estejam juntos - não como uma relação de parceiro experiente e iniciante, mas como parceiros em condições de igualdade, parceiros por causa de um espírito de interesse e respeito comuns, voltado para o progresso que podemos alcançar juntos.

Juntos, podemos obter avanços na nossa prosperidade comum. Como duas das maiores economias do mundo, nós trabalhamos lado a lado durante a crise financeira para restaurar o crescimento e a confiança. E para manter nossas economias crescendo, nós sabemos o que é necessários em nossas duas nações.

Nós precisamos de uma mão de obra qualificada, educada, é por isso que empresas americanas e brasileiras têm se comprometido a ajudar aumentar os intercâmbios de estudantes entre nossas nações. Nós precisamos de um compromisso com inovação e tecnologia, é por isso que concordamos em expandir a cooperação entre nossos cientistas, pesquisadores, e engenheiros. Nós precisamos de infraestrutura de primeiro nível, é por isso que empresas americanas querem ajudar vocês a construírem e prepararem esta cidade para um sucesso Olímpico.

Em uma economia global, os EUA e o Brasil deveriam expandir o comércio e o investimento de forma a criar novos empregos e oportunidades em ambas nossas nações. É por isso que estamos trabalhando para romper barreiras à realização de negócios, e é por isso que estamos construindo relações mais próximas entre nossos trabalhadores e empreendedores.

Juntos, nós podemos promover segurança em energia e proteger nosso bonito planeta. Como duas nações comprometidas com economias mais verdes, nós sabemos que a solução definitiva para nosso desafio energético está em fontes limpas, renováveis. É por isso que metade dos veículos desse país consegue rodar com biocombustíveis, e a maior parte da nossa eletricidade vem de hidrelétricas. É por isso que nós impulsionamos uma indústria de energia limpa nos EUA. E é por isso que os EUA e o Brasil estão criando novas parcerias na área de energia --para compartilhar tecnologias, criar novos empregos, e deixar para nossas crianças um mundo mais limpo e seguro do que encontramos.

Juntas, nossas duas nações podem ajudar a defender a segurança de nossos cidadãos.

Estamos trabalhando juntos para parar o tráfico de drogas que tem destruído muitas vidas neste hemisfério. Nós perseguimos o objetivo de um mundo sem armas nucleares, and estamos trabalhando juntos para aumentar a segurança nuclear em nosso hemisfério. Da África ao Haiti, estamos trabalhando lado a lado para combater a fome,a doença e a corrupção que pode estragar uma sociedade e privar seres humanos de dignidade e oportunidade. E hoje, nós estamos oferecendo assistência a apoio ao povo japonês em seu momento de maior necessidade.


Marcelo Sayão/Efe
Barack Obama gesticula durante seu discurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Barack Obama gesticula durante seu discurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Os vínculos que unem nossas nações ao Japão são fortes. No Brasil vocês abrigam a maior população japonesa fora do Japão. Nos EUA, nós formamos uma aliança de mais de 60 anos. O povo do Japão é um dos nossos amigos mais próximos, e nós vamos rezar com eles, estar ao lado deles, e reconstruir com eles até que esta crise tenha passado.
Nesse e em outros esforços para promover paz e prosperidade pelo mundo, os EUA e o Brasil são parceiros não apenas porque compartilhamos uma história e um continente; não apenas porque compartilhamos laços comerciais e culturais; mas porque compartilhamos determinados valores e ideais duradouros.

Nós acreditamos no poder e na promessa de democracia. Nós acreditamos que nenhuma outra forma de governo é mais efetiva na promoção do crescimento e da prosperidade que atinja todo ser humano. E aqueles que creem no contrário --que acreditam que a democracia impede o progresso econômico-- deve se confrontar com o exemplo do Brasil.

Os milhões neste país que saíram da pobreza para a classe média não o fizeram em uma economia fechada controlada pelo estado. Vocês estão prosperando como um povo livre com mercados abertos e um governo que atende aos seus cidadãos. Vocês estão provando que o objetivo de justiça social pode ser melhor atingido por meio da liberdade, que a democracia é o melhor parceiro do progresso humano.

Nós acreditamos também que em nações tão grandes e com tanta diversidade como as nossas, modeladas por gerações de imigrantes de todas as raças e crenças e origens, a democracia oferece a melhor esperança de que todo cidadão seja tratado com dignidade e respeito; que nós podemos resolver nossas diferenças pacificamente e encontrar forças em nossas adversidades.

Nós sabemos por experiência que nossa forma escolhida de governo pode ser lenta e desordenada; que a democracia deve ser constantemente fortalecida e aperfeiçoada ao longo do tempo. Nós sabemos que nações diferentes tomam caminhos diferentes para realizar suas promessas, e que nenhuma outra nação deve impor seu desejo a outra.
Mas nós também sabemos que existem certas aspirações compartilhadas por todos os seres humanos: Nós queremos ser livres e ouvidos. Nós ansiamos por viver sem medo ou discriminação; por escolher como somos governados e por moldar nosso próprio destino. Essas não são ideias Americanas ou Brasileiras. Não são ideias ocidentais. São direitos universais, e nós devemos apoiá-los em todos os lugares.

Hoje, nós temos visto a luta por esses direitos se desdobrar pelo Oriente Médio e o Norte da África. Nós temos visto uma revolução nascer de um anseio por dignidade humana básica na Tunísia. Nós temos visto protestos pacíficos na praça Tahir --homens e mulheres, jovens e idosos, cristãos e muçulmanos. Nós temos visto o povo da Líbia ter a coragem de se levantar contra um regime determinado a brutalizar seu próprio povo. Em toda a região, nós vimos jovens se levantando - uma nova geração exigindo o direito de definir seu próprio futuro.

Desde o começo, nós deixamos claro que as mudanças que buscavam precisavam nascer do seu próprio povo. Mas, como duas nações que vêm perseguindo a perfeição em nossas democracias ao longo das gerações, os EUA e o Brasil sabem que o futuro do Mundo Árabe será determinado por seu povo.

Ninguém pode dizer ao certo como esse levante vai terminar, mas eu sei que a mudança não é algo que devemos temer. Quando jovens insistem que a história está em movimento, o peso do passado é levado pela água. Quando homens e mulheres pacificamente pedem direitos humanos, nossa humanidade em comum sai fortalecida. Onde quer que a luz da liberdade apareça, o mundo se torna um lugar mais brilhante, mais vivo.

Esse é o exemplo do Brasil. Brasil --um país que mostra que uma ditadura pode virar uma democracia próspera. Brasil --um país que mostra que a democracia oferece liberdade e oportunidade para seu povo. Brasil --um país que mostra como um chamado por mudança que começa nas ruas pode transformar a cidade, o país e o mundo.

Décadas atrás, fora desse teatro em região próxima daqui, na Cinelândia, onde o chamado para a mudança foi ouvido no Brasil. Estudantes e artistas e líderes políticos de todos os tipos se reuniram com cartazes que diziam: 'Abaixo a ditadura. O povo no poder'. Suas aspirações democráticas não se tornaram realidade nos anos que se seguiram, mas uma das jovens brasileiras do movimento daquela geração persistiu para mudar para sempre a história desta nação.

Uma criança filha de imigrantes, sua participação no movimento a levou à cadeia, presa e torturada nas mãos do seu próprio governo. E soube o que significa viver sem os direitos humanos mais básicos, direitos pelos quais muitos estão lutando hoje em dia. Mas ela também sabe o que é perseverar. Ela sabe o que é se superar. Porque, hoje em dia, essa mulher é Dilma Rousseff, a presidente da nação.

Nossas duas nações enfrentam muitos desafios. Na estrada à frente, haverá muitos obstáculos. Mas, no final, é a nossa história que concede a esperança de um amanhã melhor. É o conhecimento de que homens e mulheres que vieram antes de nós obtiveram sucesso em desafios maiores que os de hoje --que nós vivemos em um lugar que pessoas comuns fizeram coisas extraordinárias.

É esse senso de possibilidade e otimismo que fez parte dos desbravadores do Novo Mundo. É o que faz com que nossas nações sejam parceiras no novo século. E é a razão de acreditarmos, nas palavras de Paulo Coelho, um dos seus mais famosos escritores, 'com a força do seu amor e da sua vontade, nós podemos mudar nosso destino, assim como o destino de muitos outros'.

Muito obrigado. Obrigado, e que Deus abençoe nossas nações.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O nome de Fleury continua presente nas trapalhadas da polícia paulista



Desde que o Antônio Ferreira Pinto, assumiu a Segurança Pública que a “cúpula” da Polícia Civil treme. É assunto recorrente nos corredores do palácio da polícia que Ferreira Pinto, quando superintendente da Administração Penitenciaria, montou um setor de inteligência para monitorar os presos com grampos telefônicos e traria consigo uma lista de policiais (de alta patente) flagrados nas escutas, envolvidos em negociações criminosas. Os fatos recentes confirmam esse “boato”, tanto quanto a informações privilegiadas, como aos métodos de ação adotados por Ferreira Pinto.
Porém, os fins não justificam os meios é tanta trapalhada que fica difícil saber quem é quem nessa história. Acharam um cachorro morto pra chutar. Se não cuidarmos vai sobrar só pra ele. Notícias publicadas hoje (16/3) acusam Paulo Sergio Oppido Fleury, ex-delegado de polícia de ter se passado por policial a fim de conseguir cópia de vídeo, com imagens do encontro do secretário com um jornalista vinculando o secretário à divulgação de notícias contra o sociólogo Túlio Kahn, ex-coordenador de estatísticas da SSP.
O secretário contra-atacou. Sob a alegação de que estava sendo espionado por policiais iniciou uma devassa na cúpula da polícia civil. O primeiro a cair foi Marco Antonio Desgualdo, ex delegado geral e tido como homem de confiança de Alckmin, acusado de deslealdade aos superiores por suposto envolvimento. Foram abertos inquéritos na Corregedoria da Polícia Civil, na Corregedoria Geral da Administração e no Ministério Público Estadual. Os delegados Marco Antonio Desgualdo e Everardo Tanganelli Junior são suspeitos de terem ido ao shopping com Fleury, e o investigador Oswaldo Luiz Cardenuto.
Além do afastamento de Marco Antônio Desgualdo, foram trocados mais dois diretores.
A novela continua...

terça-feira, 15 de março de 2011

Policiais corruptos contra políticos corruptos duelam com armas desleais e pernósticas

Em entrevista ao site Observatório da Imprensa o repórter Mário Cesar Carvalho (Folha de S. Paulo) comenta sobre o episódio de seu encontro com o secretario de segurança, Antônio Ferreira Pinto, no Shopping Higienópolis que, dente outros “tsunamis”, provocou a queda de Marco Antônio Desgualdo, ex Delegado Geral de polícia e homem de confiança do governador, Geraldo Alckimin. O texto tende a desviar do assunto. Leva a discussão para o fato de o vídeo ter sido divulgado sem autorização prévia. Fala da relação imprensa X autoridade, de fontes e de ética profissional. Porém, não deixa clara a relação entre a sucessão de fatos, que nos levam a concluir a existência de uma guerra armada no seio do Governo Alckimin, mais especificamente, dentro da secretaria de segurança, envolvendo tucanos de alta plumagem e uma horda de policiais corruptos, em busca de poder e vantagens.
Em entrevista hoje, Alckimin revelou que o assunto ainda não está encerrado e passa a bola à secretaria de segurança, de onde garante ter mais fatos a acrescentar ao episódio.
Que venham os próximos capítulos e que os vilões não saiam vitoriosos, como de costume.


A charge é antiga mas sua informação muito atual

Guerra na polícia de São Paulo atinge a Folha

Por Mauro Malin em 11/3/2011

Não é só no Rio de Janeiro que o aparato de segurança pública abriga conflitos explosivos. No Estadão desta sexta-feira (11), a revelação de imagens do circuito interno do shopping Pátio Higienópolis, mostrando encontro do secretário de Segurança, Antônio Ferreira Pinto, com o repórter Mario Cesar Carvalho, da Folha de S. Paulo, é tratada sob o título "Policiais espionaram secretário da Segurança".


Segundo o secretário, citado no Estadão, a conversa no shopping foi sobre caso que envolvia uma escrivã de polícia despida por corregedores durante uma revista. Segundo blogues que divulgaram as imagens, a conversa foi sobre atividades irregulares de um funcionário da secretaria, o sociólogo Túlio Khan, acusado de vender dados sigilosos e demitido no mesmo dia em que a notícia foi publicada pela Folha. Um desses blogues é atribuído a policiais civis. É anônimo. Convém lembrar que a Constituição de 1988, ao garantir a livre manifestação do pensamento, proibiu o anonimato.

Vigiado pela "banda podre"

O repórter Mario Cesar Carvalho deu ao Observatório da Imprensa entrevista em que avalia o episódio

Mario Cesar Carvalho – Eu tenho a forte impressão de que estou sendo espionado pelo que eu chamaria de banda podre da polícia. Por banda podre da polícia entenda-se delegados investigados sob suspeita de corrupção. Há vários casos em curso aqui em São Paulo que mostram suspeitas de desvios no Detran, que é a polícia de trânsito, e no Denarc, que é a de narcóticos. Eu tenho a forte impressão de que essas pessoas me seguem, ouvem minhas conversas no celular, a ponto de saberem onde eu estou.

Este quadro faz parte de um panorama maior, que é uma guerra não declarada, uma guerra surda, entre o secretário de Segurança, Antônio Ferreira Pinto, e o secretário de Transportes, o Dr. Saulo [de Castro Abreu Filho], que ocupou a pasta de Segurança no governo anterior de [Geraldo] Alckmin. O grupo do Saulo foi fortemente afetado pelas medidas que o Ferreira Pinto adotou, buscando moralizar a polícia. A reação desses policiais parece vir dessa forma: chantagear a imprensa, espionar jornalista. Só que a Folha, obviamente, não se curva diante desse tipo de chantagem.

Qual é sua opinião sobre a captura de imagens do circuito interno do shopping?

M.C.C. – O vídeo em si é uma violação da intimidade. Não há ordem judicial para o shopping entregar essas imagens.

Esse fato dá margem à abertura de um inquérito policial?

M.C.C. – Eu espero que a polícia abra um inquérito, porque houve ali, obviamente, um crime. A divulgação de imagens sem autorização judicial, imagens captadas por circuito de segurança, é um crime.



Secretaria fala em espionagem
O episódio é de tal magnitude que mais da metade do Painel da Folha de hoje é dedicado a ele, além da capa do caderno Cotidiano. Nessa reportagem, o jornal cita manifestação da Secretaria de Segurança. A Secretaria vê "forte indício de que grupos criminosos utilizaram [as imagens] para espionar o primeiro escalão do estado e o trabalho da imprensa". Essa convicção corrobora o que o repórter Carvalho disse ao Observatório da Imprensa.

A divulgação das imagens será objeto de investigação, anunciou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira. A reportagem informa ainda que, após o governador Geraldo Alckmin ter dito que ninguém do governo do estado solicitou as imagens, o Shopping Pátio Higienópolis, que antes havia atribuído a "órgãos oficiais" a solicitação, passou a dizer que entregou o material a "policiais".

Enredo cinematográfico
Não se menciona o assunto na Folha, mas parece evidente que o shopping carece de orientação jurídica adequada. Entregar imagens a policiais não garante que elas serão usadas corretamente. No Estadão, a informação é de que policiais teriam induzido o shopping a entregar as imagens, alegando que investigavam "uma ocorrência de outra natureza". Como existe um clima de grande apreensão nos shoppings, devido a seguidos assaltos, a direção da empresa poderia supor tratar-se de trabalho preventivo. Isso atenuaria a lambança do shopping, mas não sua recusa a informar quem exatamente recebeu as imagens.

A Secretaria de Segurança, diz a Folha, pedirá hoje ao shopping a identidade dos policiais. Mas, na mesma reportagem, lê-se o seguinte:

"O primeiro a divulgar as cenas foi o radialista João Alkimin, no site Veja [o nome correto é "Vejo"] São José. Apesar de não haver indicação no vídeo, ele disse que o encontro ocorreu às 19h30 de 25 de fevereiro. A reportagem da Folha sobre Túlio Khan saiu em 1º de março.

A mulher do radialista, Tânia Nogueira, é advogada de Ivaney Caires de Souza e Everardo Tanganelli, dois delegados que perderam espaço na gestão Ferreira Pinto.

O radialista nega relação entre o vídeo e sua mulher.

O delegado Souza estava no shopping, com uma jornalista da Folha, no momento em que Ferreira Pinto se encontrava com Carvalho.

Souza diz ter visto o secretário, mas nega ligação com a divulgação das imagens".

Enredo digno de filme de suspense. Uma coincidência teria desencadeado a trama.

No Painel, aborda-se o lado político da crise. Avalia-se que o episódio desgastou o secretário Ferreira Pinto, mas que ele continuará à frente da pasta pelo menos enquanto Alckmin procura "um substituto que não sinalize a capitulação do governo estadual diante de setores da Polícia Civil descontentes com o secretário".

O que não está escrito, e chama a atenção, é que o secretário tenha marcado encontro fora de seu gabinete para conversar com o repórter.
Tudo bem que nem todos os contatos entre jornalistas e secretários ou outras autoridades devam ser feitos na sede da Secretaria, mas é de se presumir que nesse ambiente o secretário não se sinta à vontade para receber jornalistas, ao menos em determinadas situações.

Isso faz lembrar o relato de um velho amigo, já falecido. Há cerca de 35 anos ele foi chantageado numa transação comercial, sofreu ameaças, e tinha um caminho para levar o assunto ao então governador de São Paulo, Paulo Egídio Martins. No Palácio dos Bandeirantes, narrou sua história. A primeira coisa que Paulo Egídio perguntou foi: "Você já contou isso à polícia?" E meu amigo: "Não". O governador: "Ufa, ainda bem..."
Delegado demitido

Na reportagem do Estadão, a interpretação de que todo o episódio faz parte de um conflito entre Ferreira Pinto e o secretário de Transportes Saulo de Castro Ferraz Filho, ex-secretário de Segurança, é atribuída a "sites mantidos por policiais civis". O jornal dá outra informação relevante:

"Antes que o vídeo fosse divulgado [...], uma pessoa que se identificou como o ex-delegado de polícia Paulo Sérgio Oppido Fleury dizia ter cópia das imagens e ameaçava divulgá-las nos sites. Filho do delegado Sérgio Paranhos Fleury, símbolo da repressão durante a ditadura militar, ele foi demitido da polícia por Ferreira Pinto – acusado de crimes como suposto desvio de mercadorias apreendidas. O ex-delegado nega as acusações e diz ser vítima de perseguição do secretário".

Não se imagine que os conflitos na Segurança de São Paulo ficam apenas na esfera da luta pelo poder político. Eles envolvem confrontos violentos. No dia 4/3, a Folha publicou reportagem de André Caramante sobre operação para encontrar um fuzil .223 "utilizado no assassinato de quatro PMs e dois policiais civis. O fuzil é uma das principais armas usadas por um grupo de extermínio formado por dez ex-policiais militares e civis. De acordo com as investigações, os criminosos cobravam de R$ 30 mil a R$ 50 mil por trabalho".

Na mesma reportagem, lê-se:

"O Ministério Público pediu anteontem à Justiça a decretação da prisão preventiva do ex-PM Luiz Roberto Martins Gavião, suspeito de chefiar o grupo de extermínio.
Gavião, segundo os promotores, fugiu de São Paulo ao passar a ser investigado por chefiar o grupo, em 2010.
A prisão foi pedida porque o Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado] disse que ligações telefônicas comprovaram a participação dele na morte do policial civil Douglas Noaldo Yamashita, em Santo André, em abril de 2010.
Apontado pelo Gaeco como executor do grupo, o também ex-PM Jairo Ramos dos Santos confessou a morte de Yamashita dias após o crime, ao ser preso disfarçado num hospital. Ao atirar contra o policial civil, ele foi ferido.
À polícia, Santos confessou a morte de oito pessoas − três policiais civis e até empresários. Ao investigar esses homicídios, o Gaeco descobriu que seis das oito mortes dos quais o grupo é suspeito foram cometidos pelo fuzil .223 não encontrado ontem.
Vahan Kechichian Neto, advogado de Santos, diz que só fala sobre as acusações contra ele à Justiça.
Os dois policiais civis mortos, além de Yamashita, ajudavam a investigar o roubo de 119 armas do CTT (Centro de Treinamento Tático), um centro de treinamento de tiros particular em Ribeirão Pires (Grande SP), em 2009.


LIGAÇÕES
Gavião foi sócio em uma empresa de segurança particular do ex-delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury, demitido da polícia paulista em junho de 2010 por irregularidades administrativas.
Fleury, de acordo com o promotor Oliveira, é investigado sob a suspeita de agenciar os crimes do grupo de matadores. Fleury nega participação nas mortes e diz ser ‘vítima de perseguição’."
Polícia e Estado
Grupos de extermínio em São Paulo e em Goiás (ver Barra-pesada no jornalismo goiano), milícias no Rio de Janeiro e agora, novidade, em Belo Horizonte... Os jornalistas brasileiros que se empenham em denunciar crimes, corrupção e malfeitos das polícias já conseguiram muito material relevante, mas fazem falta análises que mostrem toda a extensão e profundidade do problema. Um coronel (da ativa) da PM-RJ, Antonio Carlos Carballo Blanco, disse em debate promovido pelo Observatório da Imprensa ("As narrativas da polícia e da mídia se alimentam", julho de 2007), ao ser perguntado sobre a razão de sucessivos fracassos da polícia na tentativa de tomar redutos de narcotraficantes:

"Eu tenho até uma suspeita. Eu acho que parte desse fracasso se deve ao fato de que a PM não é a maior organização criminosa. Talvez seja o Estado. Porque nós estamos falando de um sistema, não estamos falando de uma peça do sistema. E se formos falar de democracia, temos que entender que, de uma forma geral, principalmente nas grandes metrópoles, de 1955 a 1975, a sociedade brasileira passou por um período de transformação talvez jamais visto na história da humanidade. Em vinte anos, o Brasil de característica tipicamente agrária, rural, se transformou numa sociedade de característica urbana, industrial. E nesse período o que nós verificamos é que uma massa significativa de retirantes se deslocou do campo para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida. Só que as cidades, por sua vez, não se preocuparam em trabalhar, de um ponto de vista minimamente racional, a ocupação ordenada do solo, em fazer programas que pudessem prover essa população retirante de serviços básicos, essenciais, enfim, planejar e organizar a cidade.

A polícia, hoje e no passado recente, tem trabalhado em cima de efeitos. Quando falamos de democracia e de direitos humanos, o que eu observo é que existem, sim, graves violações de direitos humanos praticadas pela polícia. Mas o Estado também é omisso e permissivo".

A cobertura é feita dia a dia, fato após fato. Mas a compreensão só pode ser adquirida com um mínimo de aparato metodológico e conhecimento histórico. Assim, a reflexão e o debate, que se nutrem dos fatos, serão capazes de indicar políticas públicas eficazes.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A cúpula da polícia de São Paulo encontra o fundo do poço

Chefe de Departamento de Homicídios de SP é afastado do cargo

ANDRÉ CARAMANTE
Folha de S. Paulo - 14/03/2011 - 14h32



Marco Antonio Desgualdo, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e homem de confiança do governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi afastado do cargo de chefe do DHPP (departamento de homicídios) na manhã desta segunda-feira.
A saída de Desgualdo ocorreu por "quebra de lealdade", segundo a Delegacia Geral da Polícia Civil. O nome do novo diretor do DHPP ainda não foi definido.

A Folha apurou que o ex-chefe da Polícia Civil de SP teria sido identificado como um dos policiais com participação no episódio do vazamento das imagens do circuito de câmeras do shopping Pátio Higienópolis (região central de SP) em que o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, foi filmado durante um encontro com o repórter da Folha Mario Cesar Carvalho.

As imagens foram divulgadas em sites e blogs --um deles ligado a policiais civis--, que relacionaram o encontro à reportagem do jornalista sobre a venda de dados sigilosos por um funcionário da Segurança, o sociólogo Túlio Kahn, que foi demitido.

Desgualdo teria admitido aos seus chefes ter sido chamado por um grupo de policiais para obter as imagens no Pátio Higienópolis, mas teria afirmado que não quis participar de nada e preferido ficar quieto. Como não teria comunicado a seus superiores que havia sido procurado para ir atrás da gravação, ele acabou afastado por "falta de lealdade administrativa".

A reportagem não conseguiu falar com Desgualdo, que é investigado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil e também pela CGA (Corregedoria Geral da Administração), órgão vinculado diretamente ao Palácio dos Bandeirantes.

O governador Geraldo Alckmin disse na manhã de hoje que aguarda as investigações da corregedoria sobre o caso e que punirá aqueles que desvirtuaram o trabalho policial. "Nós agiremos com absoluta firmeza e responsabilidade nesse caso. Então, se alguém desvirtuou seu exercício policial nesse caso, vai ser punido. Agora, vamos aguardar, até por respeito à Comissão Corregedora, aguardar o término desse trabalho."

quinta-feira, 10 de março de 2011

Vergonha! Vídeo expõe guerra no seio do PSDB e mostra a fragilidade da polícia civil paulista

Fatos graves como o do corregedor que, acobertado por superiores, não cumpre a lei; do sociólogo da SSP que vende dados sigilosos e uma infinidade de atos de corrupção, desmandos e abusos emolduram uma batalha no seio do governo Alkimin. Se não bastasse, desafetos da polícia civil aproveitam para vazar informações em blogs ligados à categoria, basta uma rápida pesquisada na rede que encontramos nomes outrora envolvidos em casos ilícitos, revelando atitudes estabanadas e desencontradas de superiores.

Nos últimos dias vazou um vídeo alusivo ao encontro do secretário de segurança de São Paulo com um repórter da Folha de S. Paulo. No pouco mais de um minuto de imagens o secretário, com um envelope amarelo nas mãos, encontra-se com o jornalista no Starbucks Coffee do Shopping Higienópolis. Poucos dias após o repórter publicou matéria de página inteira, com denúncias contra um dos principais assessores do próprio secretário, mas ligado a forças políticas opostas.

A seguir veja matéria publicada no site o Escrevinhador onde Rodrigo Viana expõe a truculência do PSDB paulista.


Por Ridrigo Vianna

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, é dos poucos remanescentes da equipe de Serra que foram mantidos por Alckmin. Como se sabe, Serra e Alckmin travam uma batalha absurda pelo controle do PSDB paulista. Ele é homem de Serra, mantido a contragosto por Alckmin...

Na época em que Alckmin montava seu gabinete, jornal paulista vazou a informação (plantada sabe-se lá com que interesses, mas podemos imaginar) de que a saída de Ferreira Pinto significaria a vitória da “banda podre” da polícia paulista. A reportagem saiu na “Folha” (o jornal costuma estar à disposição para as manobras de Serra), e foi assinada por Mario Cesar Carvalho. Guardem esse nome.

Depois disso, Alckmin ficou de mãos amarradas: se tirasse Ferreira Pinto, ganharia a pecha de beneficiar a “banda podre”. Se mantivesse Ferreira Pinto, teria cedido a pressões e manobras de um homem nomeado pelo antecessor Serra.

Alckmin optou pela segunda decisão. Mas mandou um recado a Ferreira Pinto (e a Serra), nomeando para a Secretaria de Transportes Saulo Abreu de Castro. Saulo era o homem forte da Segurança na gestão anterior de Alckmin como governador (2003/2006). É como se Alckmin dissesse a Ferreira Pinto (e, indiretamente, a Serra): você ganhou o primeiro “round”, mas a qualquer momento o fantasma de Saulo pode avançar sobre a Segurança de novo!

Pois bem. Na última semana de fevereiro, Ferreira Pinto foi bombardeado. Lembram-se da imagem da escrivã humilhada por uma equipe da Corregedoria de Polícia? Assessores de Ferreira Pinto dizem, em off, que o vídeo pode ter partido da turma de Saulo – interessado em desgastar o atual titular da Segurança.

Ferreira Pinto foi para o contra-ataque. Como?



No último dia 1 de março, o jornal “Folha de S, Paulo”, em boa reportagem de Mario Cesar Carvalho (!), trouxe a informação de que um assessor da secretaria de Segurança recebia grana como consultor “vendendo” informaçõe sigilosas para particulares. O nome do assessor: Tulio Kahn. Quem nomeou Túlio para o cargo, no mandato anterior de Alckmin? Saulo de Castro.

Parece complicado esse emaranhado, mas é importante prestar atenção: Saulo(=Tulio Khan)=Alckmin X Ferreira Pinto (=Serra).

Ontem, começou a circular um vídeo que mostra o secretario de Segurança Ferreira Pinto (aquele, nomeado por Serra, e mantido por Alckmin) circulando por um shopping de São Paulo. A imagem é do dia 25 de fevereiro (4 dias antes da reportagem da “Folha” ser publicada). Ferreira Pinto circula, com um envelope na mão, até que chega um homem, de jaqueta branca. Quem é esse homem? O jornalista Mario Cesar Carvalho

Qual a conclusão de quem acompanha essa área de Segurança? O secretário Fereira Pinto é que teria sido a fonte da “Folha”. Ou seja: Ferreira Pinto forneceu munição contra Tulio Khan, para atingir Saulo (o rival dele, que pode ocupar a secretaria de Segurança).

Hoje, jornalistas perguntaram a Ferreira Pinto se ele de fato se encontrou com o repórter da “Folha” no shopping. O secretário admitiu o encontro, mas não revelou o que havia no envelope, nem deu mais detalhes.

Antes que se façam insinuações feias, ninguém imagina que o envelope contivesse pagamento ou dinheiro. Nada disso. Imagina-se que continha informação que o Mario Cesar deve ter utilizado na reportagem.

O jornalsta da “Folha” não falou sobre o caso. E seu fosse ele não falaria. É o princípio básico do sigilo da fonte. Mario Cesar não fez nada de errado, ao contrário. O jornalista estava atrás de uma informação. Normalmente, é quando os políticos brigam que as informações circulam.

O incrível é outra coisa: um secretário vazar para o jornal informação que, no fim e ao cabo, atinge o próprio governo em que ele trabalha!

Mais um indcativo de como as relações enre os tucanos estão envenenadas.

Por último, algumas observações adcionais…

Por que um secretário se encontraria com um jornalista num shopping, e não no gabinete na secretaria? Talvez, para evitar que assesores vissem o jornalista, e depois contassem a Tulio Khan.

O vídeo que compromete Ferreira Pinto vazou na internet num blog do Vale do Paraíba (base política de Alckmin); o titular do blog chama-se João Alkimin (!!!!).

É o estilo de Geraldo Alckmin. Deu o troco usando um blog do interior, para fritar Ferreira Pinto em fogo brando. Nada de escândalo. O que interessa é apagar – aos poucos e sem fazer marola – os vestígios do serrismo no governo paulista.

Eles se amam. E olhe que 2014 ainda está longe. Mas no meio do caminho há 2012.

A Secretaria de Segurança de São Paulo publicou, há pouco, nota sobre o caso.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informa

1) É grave a obtenção e a divulgação de imagens do circuito interno de um shopping center de São Paulo. Não por seu conteúdo, mas pelo forte indício de que grupos criminosos as utilizaram para espionar o primeiro escalão do Estado e o trabalho legítimo da imprensa, protegido pela Constituição Federal da República.

2) As imagens mostram um encontro ocorrido em um lugar público entre o secretário de segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto e um jornalista de importante veiculo de comunicação.

3) Não há nada de suspeito na conversa entre ambos. Suspeito seria um encontro do secretário com criminosos comuns ou funcionários públicos corruptos.

4) A imagem de pessoas só podem ser utilizadas se houver expressa autorização ou por ordem judicial. Portanto, o vazamento das imagens produzidas pelo circuito interno do Shopping Higienópolis constitui crime.

5) Deve-se, aliás, à continuidade do combate ao crime e à corrupção policial a queda histórica dos índices de criminalidade em São Paulo. O Estado de São Paulo atingiu o menor índice de homicídios da história recente. É o que apontam as Estatísticas da Criminalidade divulgadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública. Novamente o crime caiu em São Paulo e chegou-se, em 2010, a 10,47 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes. Em 1999, quando a taxa era de 35,27/100 mil, alcança a significativa marca de 70,3%. De lá para cá, os índices têm mostrado queda consistente. A taxa de 10,47, registrada em 2010, é menor do que a metade da taxa de homicídios brasileira, de 24,5 para cada 100 mil habitantes/ano.

6) Tal avanço só foi possível pela sucessão de políticas de segurança virtuosas, acompanhadas, sempre, do combate implacável à corrupção e à violência policial. Desde 2009, 298 policiais foram demitidos a bem do serviço público. Outros 324 foram expulsos ou exonerados.

7) Vale ressaltar que, desde a recondução do secretário Ferreira Pinto ao cargo de secretário da Segurança, o inconformismo de uma pequena parcela de policiais prejudicados com a austeridade da política atual de segurança se intensificou.”