segunda-feira, 14 de março de 2011

A cúpula da polícia de São Paulo encontra o fundo do poço

Chefe de Departamento de Homicídios de SP é afastado do cargo

ANDRÉ CARAMANTE
Folha de S. Paulo - 14/03/2011 - 14h32



Marco Antonio Desgualdo, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e homem de confiança do governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi afastado do cargo de chefe do DHPP (departamento de homicídios) na manhã desta segunda-feira.
A saída de Desgualdo ocorreu por "quebra de lealdade", segundo a Delegacia Geral da Polícia Civil. O nome do novo diretor do DHPP ainda não foi definido.

A Folha apurou que o ex-chefe da Polícia Civil de SP teria sido identificado como um dos policiais com participação no episódio do vazamento das imagens do circuito de câmeras do shopping Pátio Higienópolis (região central de SP) em que o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, foi filmado durante um encontro com o repórter da Folha Mario Cesar Carvalho.

As imagens foram divulgadas em sites e blogs --um deles ligado a policiais civis--, que relacionaram o encontro à reportagem do jornalista sobre a venda de dados sigilosos por um funcionário da Segurança, o sociólogo Túlio Kahn, que foi demitido.

Desgualdo teria admitido aos seus chefes ter sido chamado por um grupo de policiais para obter as imagens no Pátio Higienópolis, mas teria afirmado que não quis participar de nada e preferido ficar quieto. Como não teria comunicado a seus superiores que havia sido procurado para ir atrás da gravação, ele acabou afastado por "falta de lealdade administrativa".

A reportagem não conseguiu falar com Desgualdo, que é investigado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil e também pela CGA (Corregedoria Geral da Administração), órgão vinculado diretamente ao Palácio dos Bandeirantes.

O governador Geraldo Alckmin disse na manhã de hoje que aguarda as investigações da corregedoria sobre o caso e que punirá aqueles que desvirtuaram o trabalho policial. "Nós agiremos com absoluta firmeza e responsabilidade nesse caso. Então, se alguém desvirtuou seu exercício policial nesse caso, vai ser punido. Agora, vamos aguardar, até por respeito à Comissão Corregedora, aguardar o término desse trabalho."

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