Nos últimos dias vazou um vídeo alusivo ao encontro do secretário de segurança de São Paulo com um repórter da Folha de S. Paulo. No pouco mais de um minuto de imagens o secretário, com um envelope amarelo nas mãos, encontra-se com o jornalista no Starbucks Coffee do Shopping Higienópolis. Poucos dias após o repórter publicou matéria de página inteira, com denúncias contra um dos principais assessores do próprio secretário, mas ligado a forças políticas opostas.
A seguir veja matéria publicada no site o Escrevinhador onde Rodrigo Viana expõe a truculência do PSDB paulista.
Por Ridrigo Vianna
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, é dos poucos remanescentes da equipe de Serra que foram mantidos por Alckmin. Como se sabe, Serra e Alckmin travam uma batalha absurda pelo controle do PSDB paulista. Ele é homem de Serra, mantido a contragosto por Alckmin...
Na época em que Alckmin montava seu gabinete, jornal paulista vazou a informação (plantada sabe-se lá com que interesses, mas podemos imaginar) de que a saída de Ferreira Pinto significaria a vitória da “banda podre” da polícia paulista. A reportagem saiu na “Folha” (o jornal costuma estar à disposição para as manobras de Serra), e foi assinada por Mario Cesar Carvalho. Guardem esse nome.
Depois disso, Alckmin ficou de mãos amarradas: se tirasse Ferreira Pinto, ganharia a pecha de beneficiar a “banda podre”. Se mantivesse Ferreira Pinto, teria cedido a pressões e manobras de um homem nomeado pelo antecessor Serra.
Alckmin optou pela segunda decisão. Mas mandou um recado a Ferreira Pinto (e a Serra), nomeando para a Secretaria de Transportes Saulo Abreu de Castro. Saulo era o homem forte da Segurança na gestão anterior de Alckmin como governador (2003/2006). É como se Alckmin dissesse a Ferreira Pinto (e, indiretamente, a Serra): você ganhou o primeiro “round”, mas a qualquer momento o fantasma de Saulo pode avançar sobre a Segurança de novo!
Pois bem. Na última semana de fevereiro, Ferreira Pinto foi bombardeado. Lembram-se da imagem da escrivã humilhada por uma equipe da Corregedoria de Polícia? Assessores de Ferreira Pinto dizem, em off, que o vídeo pode ter partido da turma de Saulo – interessado em desgastar o atual titular da Segurança.
Ferreira Pinto foi para o contra-ataque. Como?
No último dia 1 de março, o jornal “Folha de S, Paulo”, em boa reportagem de Mario Cesar Carvalho (!), trouxe a informação de que um assessor da secretaria de Segurança recebia grana como consultor “vendendo” informaçõe sigilosas para particulares. O nome do assessor: Tulio Kahn. Quem nomeou Túlio para o cargo, no mandato anterior de Alckmin? Saulo de Castro.
Parece complicado esse emaranhado, mas é importante prestar atenção: Saulo(=Tulio Khan)=Alckmin X Ferreira Pinto (=Serra).
Ontem, começou a circular um vídeo que mostra o secretario de Segurança Ferreira Pinto (aquele, nomeado por Serra, e mantido por Alckmin) circulando por um shopping de São Paulo. A imagem é do dia 25 de fevereiro (4 dias antes da reportagem da “Folha” ser publicada). Ferreira Pinto circula, com um envelope na mão, até que chega um homem, de jaqueta branca. Quem é esse homem? O jornalista Mario Cesar Carvalho
Qual a conclusão de quem acompanha essa área de Segurança? O secretário Fereira Pinto é que teria sido a fonte da “Folha”. Ou seja: Ferreira Pinto forneceu munição contra Tulio Khan, para atingir Saulo (o rival dele, que pode ocupar a secretaria de Segurança).
Hoje, jornalistas perguntaram a Ferreira Pinto se ele de fato se encontrou com o repórter da “Folha” no shopping. O secretário admitiu o encontro, mas não revelou o que havia no envelope, nem deu mais detalhes.
Antes que se façam insinuações feias, ninguém imagina que o envelope contivesse pagamento ou dinheiro. Nada disso. Imagina-se que continha informação que o Mario Cesar deve ter utilizado na reportagem.
O jornalsta da “Folha” não falou sobre o caso. E seu fosse ele não falaria. É o princípio básico do sigilo da fonte. Mario Cesar não fez nada de errado, ao contrário. O jornalista estava atrás de uma informação. Normalmente, é quando os políticos brigam que as informações circulam.
O incrível é outra coisa: um secretário vazar para o jornal informação que, no fim e ao cabo, atinge o próprio governo em que ele trabalha!
Mais um indcativo de como as relações enre os tucanos estão envenenadas.
Por último, algumas observações adcionais…
Por que um secretário se encontraria com um jornalista num shopping, e não no gabinete na secretaria? Talvez, para evitar que assesores vissem o jornalista, e depois contassem a Tulio Khan.
O vídeo que compromete Ferreira Pinto vazou na internet num blog do Vale do Paraíba (base política de Alckmin); o titular do blog chama-se João Alkimin (!!!!).
É o estilo de Geraldo Alckmin. Deu o troco usando um blog do interior, para fritar Ferreira Pinto em fogo brando. Nada de escândalo. O que interessa é apagar – aos poucos e sem fazer marola – os vestígios do serrismo no governo paulista.
Eles se amam. E olhe que 2014 ainda está longe. Mas no meio do caminho há 2012.
A Secretaria de Segurança de São Paulo publicou, há pouco, nota sobre o caso.
“A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informa
1) É grave a obtenção e a divulgação de imagens do circuito interno de um shopping center de São Paulo. Não por seu conteúdo, mas pelo forte indício de que grupos criminosos as utilizaram para espionar o primeiro escalão do Estado e o trabalho legítimo da imprensa, protegido pela Constituição Federal da República.
2) As imagens mostram um encontro ocorrido em um lugar público entre o secretário de segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto e um jornalista de importante veiculo de comunicação.
3) Não há nada de suspeito na conversa entre ambos. Suspeito seria um encontro do secretário com criminosos comuns ou funcionários públicos corruptos.
4) A imagem de pessoas só podem ser utilizadas se houver expressa autorização ou por ordem judicial. Portanto, o vazamento das imagens produzidas pelo circuito interno do Shopping Higienópolis constitui crime.
5) Deve-se, aliás, à continuidade do combate ao crime e à corrupção policial a queda histórica dos índices de criminalidade em São Paulo. O Estado de São Paulo atingiu o menor índice de homicídios da história recente. É o que apontam as Estatísticas da Criminalidade divulgadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública. Novamente o crime caiu em São Paulo e chegou-se, em 2010, a 10,47 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes. Em 1999, quando a taxa era de 35,27/100 mil, alcança a significativa marca de 70,3%. De lá para cá, os índices têm mostrado queda consistente. A taxa de 10,47, registrada em 2010, é menor do que a metade da taxa de homicídios brasileira, de 24,5 para cada 100 mil habitantes/ano.
6) Tal avanço só foi possível pela sucessão de políticas de segurança virtuosas, acompanhadas, sempre, do combate implacável à corrupção e à violência policial. Desde 2009, 298 policiais foram demitidos a bem do serviço público. Outros 324 foram expulsos ou exonerados.
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