quarta-feira, 5 de junho de 2013

Chegamos ao Pacífico (2/6)

21/05/2013 - Segundo dia...

Triciclo HD com Marcelo e BMW - GT com Luiz Mauro
Ainda estávamos em Los Angeles. Acordamos com uma certa ressaca, mas ninguém reclamou, apenas o Rodrigo, que não bebe ressentia-se de fome. O café da manhã foi algo inusitado, servido na recepção do hotel, aliás, servido não, “self servido”, naquela salinha minúscula onde fizemos o check-in, na noite anterior com uma funcionária estranha. Num canto do cômodo estavam dispostas as garrafas de café e água quente para chá, duas jarras de suco de laranja, um recipiente com diversos tipos de pães, doces e salgados e duas torradeiras quádruplas para pão de forma, além de manteiga, geleia e aquele sache de leite que se mistura no café. A variedade era boa e a qualidade idem, o estranho era o espaço, havia pratos e talheres descartáveis, bem como copos de isopor para manter a temperatura do “chafé”. Nos servimos por ali mesmo, usamos o balcão da recepção como apoio e revezamos na única poltrona da sala. A prática comum entre os hospedes era a de preparar seu desjejum e lava-lo para o quarto, mas só percebemos essa possibilidade algum tempo depois. De qualquer forma não estávamos preocupados com isso, afinal dentro de alguns momentos pegaríamos as motos e cairíamos na estrada.

Mário com 
A ansiedade era grande, ainda faltava para alguns comprar jaquetas e botas, a parada foi na loja da Harley Davidson, mais uma vez cena de 25 de março, baixamos todas as prateleiras da loja, não ficou bota sobre bota. Quem já havia renovado o guarda roupas, no dia anterior, fez uma boquinha numa lanchonete especializada em crepes do outro lado da rua, afinal não sabíamos qual seria a próxima oportunidade de comer novamente. Todos abastecidos de roupas e de crepes, fomos pagar as motos.
A empresa em que alugamos as motos é uma das maiores da região, um funcionários nos contou que eles têm mais de 400 motos e, naquele dia, estariam todas na rua. Negócio da china. Eles ganham no aluguel das motos, dos capacetes, no seguro e na lojinha, que fica na frente da empresa, de onde ninguém sai sem um pacotinho nas mãos. Apesar de termos feito as reservas e o pagamento antecipadamente, aqui no Brasil o processo foi lento, tivemos de preencher documentos, registrar o cartão de crédito para caução e, em alguns casos, trocar de moto, pois a escolhida inicialmente não estava disponível. Nosso grupo ficou com três  HD Street Glide, eu, Maurício e o Sergio, duas Electra Glider Marcelo Bruço e Charles, um triciclo HD com Marcelo, um Canaa com o Rodrigo, uma BMW RT com o Mário e uma GS com o Luiz Mauro. Tudo pronto, Van devolvida, motos carregadas podemos partir? Não. Falta o GPS.
Sérgio com a Street Glide amarela

A empresa alegava que não tinha GPS disponível e que devolveria o dinheiro pago adiantado pelo equipamento. Não é fácil discutir em inglês, mas o Maurício, o mais fluente do grupo, meteu a mão na mesa e teve de falar alto. Deu certo, inicialmente arrumaram um GPS de carro, que não foi possível fixar à moto. Mais uns berros e apareceu o equipamento adequado.

Agora é estrada. Até quem nunca sonhou com aquele dia sentiu-se realizado, escolhemos a moto, a estrada, o cenário e até as companhias. Agora, era vento na cara, o asfalto passando rapidamente a 20 centímetros dos nossos pés. Dentro do capacete muita coisa passa, a lembrança de casa, da nossa moto parada num canto da garagem, os cenários que virão pela frente, a nova relação com a moto que nunca pilotamos e já estamos domando no meio estrada. Muitos do grupo não têm experiência de andar em grupo, alguns não andavam de moto há muito tempo. Montamos um esquema para organizar o grupo, éramos três mais experientes, eu o Bruçó e o Charles, fazemos parte dos Arcanjos Moto Clube e estamos acostumados aos “bondes” (nome que se dá aos grupos de moto que andam juntas na estrada), ficamos um no final fechando a fila, para que ninguém ficasse sozinho para traz, outro na frente, logo atrás do Maurício que levava o GPS e o terceiro rodou entre o grupo para tentar manter todos a uma distância segura possibilitando ultrapassagens e paradas sem maiores problemas. Tudo correu bem, como já disse antes esse pessoal da ZN não é mole não.
Marcelo Bruçó e Charles de Electra Glide

Passamos por estradas movimentadas, o trânsito urbano da região de Los Angeles lembra o de São Paulo, como por lá não se pode andar no corredor, entre os carros, mantivemo-nos na faixa e mesmo assim desenvolvemos boa velocidade. Nossa primeira parada foi em Ventura, cidadezinha de praia muito agradável cuja maior atração é o porto Ventura. Tudo por ali parece cenário de cinema, ao chegar à cidade dá-se de cara com um enorme píer, que avança sobre o Pacífico e oferece condições para pescaria. Aliás, encontrei por lá alguns grupos de sem teto, carregando barracas com roupas e panelas, pescando seu almoço. Numa boa, sem que ninguém os perturbasse e eles também não incomodavam a ninguém. Em torno do Pier tem um belo parque com brinquedos infantis, pista de bicicleta, de corrida, além de estacionamento para quem vai à praia, quase um shopping do laser. Tomamos umas cervejas e fomos ao porto, a cerca dali.


Um lugar impressionante. Fica num canto afastado da orla. Por lá tudo é longe e deserto, estávamos numa estradinha e de repente surge em nossa frente um complexo de prédios que lembra um shopping, desses a céu aberto. Era lá. Ainda sem saber o que iríamos encontrar, paramos as motos desmontamos e entramos no shopping. Para nossa surpresa, por traz das lojas, no centro do complexo, estava o mar. Um porto com uma infinidade de barcos e veleiros. Era uma pequena baia que, em sua volta construíram um complexo de lojas, bares e restaurantes, um mais charmoso que outro, um lugar que da vontade de ficar por muito tempo. Paramos para o almoço.

De volta a estrada, agora nosso destino era Buelton, foi um trecho longo, por sorte o GPS nos mandou por estradas do interior do estado, nosso projeto original era subir e voltar pelo litoral. Assim, além de conhecermos uma região diferente, fora do eixo turístico, podemos conhecer um pouco de como vive o americano normal, aquele que não vemos na tela de TV ou do Cinema. Paramos em alguns pontos para abastecer ou mesmo para esticar as pernas em lugares inusitados, um deles era uma loja de conveniência dentro de uma borracharia, em outros a atração éramos nós, todos queriam saber de onde vinham aqueles nove malucos no meio do nada. Uma experiência incrível. Lembro-me de uma parada em uma cidade hiper bem equipada, avenidas largas, praças bonitas e bem cuidadas, prédios suntuosos, mas sem alma viva na rua. Havia apenas um 7 Elevem e uma loja de bugigangas para celular abertas. As vezes parava um carro, descia alguém, entrava na lanchonete  e saia com um saquinho nas mãos, sabe-se lá pra onde.

Na estrada enfrentamos um dos maiores desafios da viagem. O vento. Provavelmente reflexo do tornado de Oklahoma. Ventava tanto que tivemos de inclinar as motos sobre as constantes rajadas. Era única forma de manter-se na estrada. Reduzimos a velocidade, aproximamos o grupo e seguimos tocando na ponta dos dedos até nosso destino.

O Hotel, apesar de ser da mesma bandeira do anterior, Days In, era legal. Havia um Esporte Bar bem ao lado, dava para ir a pé. Lá fomos nós. Era um bar bem regional, tive a impressão de que todos que estavam ali se conheciam de alguma forma. Tinha algumas mesas de bilhar, máquinas de caça níquel e alguns aparelhos de TV, cada um transmitindo um tipo de esporte. A princípio não fomos muito bem recebidos, a vendedora nos olhava desconfiadamente e não fazia muita questão em nos atender, alguns dólares depois tudo mudou, era só levantar a mão que ala já sabia até nossas preferências.

Precisávamos jantar e ali servia apenas bebida. Alguém lembrou que ao chegarmos na cidade passamos por alguns fast foods, bem próximos. Resolvemos ir a pé, um frio do cão. Era tarde e estavam todos fechados, encontramos uma loja de conveniência, dessas de posto de gasolina e fizemos uma comprinha, até sopa de micro ondas rolou.


Vamos dormir que no dia seguinte tem mais.



clique nas fotos para vê-las maiores




2 comentários:

  1. Renato... tá errado isso ai..... Vc falou que em los Angeles acordamos de ressaca ???? Não me lembro de ter sofrido disso.... KKKKKKKKKKKKKKKKK

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  2. Tá vendo! A gente esquece, por exemplo, eu só lembrei dessas as outras apagaram da memória.
    Vou tomar uma pra ver se lembro.

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